segunda-feira, 30 de maio de 2011

Fotos: II Seminário Negritude & Fé

Nos últimos anos com o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil, propiciar o debate em torno da questão racial dentro das igrejas torna-se imprescindível para a discussão da temática. Com esse objetivo, a Work Gospel realizou no último dia 21 de maio, o 2º Seminário Negritude e Fé. O evento que teve sua primeira edição em 2009 abordou o tema O mito da democracia racial no Brasil e reuniu palestrantes evangélicos e personalidades da comunidade negra.

Dentre os tópicos abordados durante o evento estavam as políticas de ações afirmativas, o racismo institucional, as conquistas do povo negro e a imagem do negro na bíblia.

De acordo com o coordenador geral do evento, Luiz de Jesus, a expectativa ao criar o evento era trazer informação que gerasse transformação, para que as pessoas passem a ter consciência da sua responsabilidade.


“É importante que as pessoas saibam que a igreja teve um passado no qual ela não contribuiu para a questão do negro e que hoje nós podemos mudar essa realidade”, afirma Luiz.

Em sua fala sobre a responsabilidade racial da igreja, o pesquisador, Hernani Francisco da Silva, denunciou a falta de responsabilidade para com o negro, dentro das igrejas evangélicas. Segundo Hernani, o racismo dentro das igrejas teve início com o processo histórico de instalação das igrejas protestantes, que refletiam o pensamento das igrejas brancas do sul dos Estados Unidos e permanece até hoje com simbologias que demonizam a cultura negra.

“A igreja invisível, a igreja de Cristo é santa, mas a igreja institucional precisa pedir perdão para o povo negro, por seu racismo e sua omissão”, afirmou o palestrante.

Para Hernani, a realização do seminário é uma das oportunidades de levar a temática racial para as igrejas. “A igreja precisa discutir a questão do racismo, promover esse tipo de evento, vem preencher essa lacuna.”

Advogado e presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/SP, Eduardo Pereira da Silva, trouxe a memória em sua fala, os engodos criados pela justiça brasileira com as leis voltadas para a população negra, mesmo antes da abolição da escravatura.

O advogado lembrou ainda a luta da população negra para ingressar no mercado de trabalho e outros setores da sociedade.

“Assim como nós somos vítimas de leis que não nos guarnecem, nós somos vítimas também da falta de representatividade e eventos como esse capacitam o negro a ser um formador de opinião, olhar para dentro de si e enxergar nesse mundo que existem negros que ele pode eleger para representá-lo”, declara.

De acordo com o advogado, o Brasil é um país legalista, que vive em obediência as leis e por isso, em sua opinião, a eleição de candidatos negros é o caminho para que leis que beneficiem a população negra, como a Lei 10639 e o próprio Estatuto da Igualdade Racial sejam cumpridas. “Só o negro tem a noção do que é ser negro nesse país, por isso, é necessário votar em homens negros que elaborem essas leis”.

Convidado a falar sobre as dificuldades e as conquistas do povo negro, o Apóstolo Agnaldo Campos, ressaltou a importância da capacitação dos negros brasileiros e a importância da formação de uma identidade, de auto-estima e da consciência para o negro brasileiro.

“Nós precisamos de uma visualização diferente de tudo isso que está acontecendo, nós não podemos mudar, nós fomos escravos, mas hoje nós temos que ter uma abordagem intelectual, um desenvolvimento mental, espiritual e ter atitude”, afirma o pastor.


Com o tema Racismo institucional e assédio moral – A chibata contemporânea, a advogada Carmen Dora de Freitas Ferreira, abordou o racismo presente na estrutura das empresas e o peso que isso traz para os empregados, com consequências físicas e emocionais para as vítimas. De acordo com a doutora Carmen Dora, a possibilidade de abordar essa temática no seminário é importante, pois pode transmitir conhecimento e falar dos instrumentos legais a disposição da população negra.



“Se nós nos enchermos um pouco mais de conhecimento, se soubermos o que mudou no desenvolvimento dessa temática, fica mais fácil, a gente conseguir uma mudança da cultura e da educação que são os fatores primordiais que possibilitam a discriminação e o preconceito que nós tanto rejeitamos”, declara.


A temática ‘Políticas de Ações Afirmativas’ – Quebrando o silêncio dos púlpitos, foi trazido pelo pastor e militante do movimento negro, Albert Silva, que afirma que a abordagem dessa temática no seminário, é imprescindível para uma reflexão de que como a população negra evangélica deve se portar.

“O problema racial é histórico, é uma mancha negativa que nós carregamos, mas que está longe ainda de nos revertermos isso a não ser que nós venhamos nos posicionar e buscar, esclarecimento e conhecimento”.
Com o tema, ‘Um olhar negro sobre o protestantismo brasileiro’ – tirando as vendas e ampliando a visão, o pastor José Paulo, afirmou que é possível combater o racismo das igrejas, desde que os membros negros protestem e tragam a temática para a discussão, considerando-se que embora a igreja ignore a questão racial, segundo ele o racismo existe em grande escala.

“Essa discussão ela vai abrir caminho para nós tomarmos decisões que não sejam decisões espiritualmente erradas, pois muitas vezes em nome da espiritualidade nós estamos massacrando um povo, então essa discussão abre portas para se pensar e colocar o negro em um lugar de igualdade”.
Black money – O impacto da economia emergente na economia brasileira, foi o tema ministrado pelo coordenador pedagógico da Ebony English, Durval Arantes. Durante sua fala, Durval trouxe uma visão econômica para o evento, ao abordar os possíveis caminhos a serem percorridos por uma nova parcela da população negra, que nos últimos anos passou a fazer parte da nova classe média.




“A população negra precisa entender que pode consumir, mas também pode empreender, pois o dinheiro não tem cor”, afirma Durval.

Para o coordenador, a população negra precisa se conscientizar que grande fração do PIB brasileiro, pertence aos negros, que ajudam a gerar esse PIB.



“O negro tem que ter consciência que tem esse montante de dinheiro em circulação e que isso tem que ser revertido em benefício da própria comunidade negra, que temos que fazer esse capital circular entre os empreendimentos gerados e criados por afrodescendentes”.

Além dos palestrantes, o seminário contou também com uma grande participação do público, através de perguntas e exemplificações. Dentre as pessoas que participaram ativamente do evento, estava a diretora de escola pública, Marineusa Medeiros, que dentre suas considerações afirmou que o evento é importante para agregar conhecimento, não apenas para pessoas evangélicas, pois o evento não tratou apenas de religião, mas falou de propostas inovadoras

“Faltam eventos como esse, onde população negra pode aprender e se capacitar”, declara Marineusa.


Queremos registrar com muita gratidão, nossos sinceros agradecimentos a todos os participantes, palestrantes, moderadores, parceiros e patrocinadores, que viabilizaram e abrilhantaram o II Seminário Negritude e Fé.


Todos voluntariamente estiveram conosco e cumpriram seu papel, seja na frente ou nos bastidores do evento, nosso muito obrigado!
Desejamos que o nosso soberano Deus, na sua infinita misericórdia e bondade, possa honrar cada um que se dispôs em estar conosco neste evento que, esperamos, tenha contribuído com transformação de mentes e comportamentos.

Em especial queremos fazer menção à Isaque Alves que, como pessoa física, investiu seu capital sem qualquer pretensão de retorno, a não ser aquele que Deus tem reservado, independente do evento, que cremos será recompensado. Também nosso irmão Carlos Antonio, que de bom grado aceitou o desafio em nos ajudar com o recurso que tinha. O amigo Rodrigo Faustino, que também investiu de forma espontânea, por saber o valor do evento. Aos anônimos que oraram, intercederam e acima de tudo, acreditaram neste seminário. Ainda que desconhecidos por nós, com certeza são conhecidos de Deus.

Agradecemos os 26 Kg de alimentos doados à ADT (Associação dos Deficientes de Taboão da Serra) serão de enorme valia à todos por ela assistidos.

Nosso muito obrigado a todos! Que Deus os abençoe ricamente!
Luiz de Jesus e Patrícia de Jesus
Work Gospel

terça-feira, 24 de maio de 2011

Seminário discute temática racial a partir de uma abordagem cristã



Nos últimos anos com o crescimento das igrejas evangélicas no Brasil, propiciar o debate em torno da questão racial dentro das igrejas torna-se imprescindível para a discussão da temática. Com esse objetivo, a Work Gospel realizou no último dia 21 de maio, o 2º Seminário Negritude e Fé. O evento que teve sua primeira edição em 2009 abordou o tema O mito da democracia racial no Brasil e reuniu palestrantes evangélicos e personalidades da comunidade negra.

Dentre os tópicos abordados durante o evento estavam as políticas de ações afirmativas, o racismo institucional, as conquistas do povo negro e a imagem do negro na bíblia.

De acordo com o coordenador geral do evento, Luiz de Jesus, a expectativa ao criar o evento era trazer informação que gerasse transformação, para que as pessoas passem a ter consciência da sua responsabilidade. “É importante que as pessoas saibam que a igreja teve um passado no qual ela não contribuiu para a questão do negro e que hoje nós podemos mudar essa realidade”, afirma Luiz.

Com o tema Racismo institucional e assédio moral – A chibata contemporânea, a advogada Carmen Dora de Freitas Ferreira, abordou o racismo presente na estrutura das empresas e o peso que isso traz para os empregados, com consequências físicas e emocionais para as vítimas. De acordo com a doutora Carmen Dora, a possibilidade de abordar essa temática no seminário é importante, pois pode transmitir conhecimento e falar dos instrumentos legais a disposição da população negra. “Se nós nos enchermos um pouco mais de conhecimento, se soubermos o que mudou no desenvolvimento dessa temática, fica mais fácil, a gente conseguir uma mudança da cultura e da educação que são os fatores primordiais que possibilitam a discriminação e o preconceito que nós tanto rejeitamos”, declara.

Convidado a falar sobre as dificuldades e as conquistas do povo negro, o Apóstolo Agnaldo Campos, ressaltou a importância da capacitação dos negros brasileiros e a importância da formação de uma identidade, de auto-estima e da consciência para o negro brasileiro.

“Nós precisamos de uma visualização diferente de tudo isso que está acontecendo, nós não podemos mudar, nós fomos escravos, mas hoje nós temos que ter uma abordagem intelectual, um desenvolvimento mental, espiritual e ter atitude”, afirma o pastor.

Com o tema, ‘Um olhar negro sobre o protestantismo brasileiro’ – tirando as vendas e ampliando a visão, o pastor José Paulo, afirmou que é possível combater o racismo das igrejas, desde que os membros negros protestem e tragam a temática para a discussão, considerando-se que embora a igreja ignore a questão racial, segundo ele o racismo existe em grande escala.

“Essa discussão ela vai abrir caminho para nós tomarmos decisões que não sejam decisões espiritualmente erradas, pois muitas vezes em nome da espiritualidade nós estamos massacrando um povo, então essa discussão abre portas para se pensar e colocar o negro em um lugar de igualdade”.

A temática ‘Políticas de Ações Afirmativas’ – Quebrando o silêncio dos púlpitos, foi trazido pelo pastor e militante do movimento negro, Albert Silva, que afirma que a abordagem dessa temática no seminário, é imprescindível para uma reflexão de que como a população negra evangélica deve se portar. “O problema racial é histórico, é uma mancha negativa que nós carregamos, mas que está longe ainda de nos revertermos isso a não ser que nós venhamos nos posicionar e buscar, esclarecimento e conhecimento”.

Advogado e presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/SP, Eduardo Pereira da Silva, trouxe a memória em sua fala, os engodos criados pela justiça brasileira com as leis voltadas para a população negra, mesmo antes da abolição da escravatura.

O advogado lembrou ainda a luta da população negra para ingressar no mercado de trabalho e outros setores da sociedade.

“Assim como nós somos vítimas de leis que não nos guarnecem, nós somos vítimas também da falta de representatividade e eventos como esse capacitam o negro a ser um formador de opinião, olhar para dentro de si e enxergar nesse mundo que existem negros que ele pode eleger para representá-lo”, declara.

De acordo com o advogado, o Brasil é um país legalista, que vive em obediência as leis e por isso, em sua opinião, a eleição de candidatos negros é o caminho para que leis que beneficiem a população negra, como a Lei 10639 e o próprio Estatuto da Igualdade Racial sejam cumpridas. “Só o negro tem a noção do que é ser negro nesse país, por isso, é necessário votar em homens negros que elaborem essas leis”.

Black money – O impacto da economia emergente na economia brasileira, foi o tema ministrado pelo coordenador pedagógico da Ebony English, Durval Arantes. Durante sua fala, Durval trouxe uma visão econômica para o evento, ao abordar os possíveis caminhos a serem percorridos por uma nova parcela da população negra, que nos últimos anos passou a fazer parte da nova classe média. “A população negra precisa entender que pode consumir, mas também pode empreender, pois o dinheiro não tem cor”, afirma Durval.

Para o coordenador, a população negra precisa se conscientizar que grande fração do PIB brasileiro, pertence aos negros, que ajudam a gerar esse PIB. “O negro tem que ter consciência que tem esse montante de dinheiro em circulação e que isso tem que ser revertido em benefício da própria comunidade negra, que temos que fazer esse capital circular entre os empreendimentos gerados e criados por afrodescendentes”.

Em sua fala sobre a responsabilidade racial da igreja, o pesquisador, Hernani Francisco da Silva, denunciou a falta de responsabilidade para com o negro, dentro das igrejas evangélicas.

Segundo Hernani, o racismo dentro das igrejas teve início com o processo histórico de instalação das igrejas protestantes, que refletiam o pensamento das igrejas brancas do sul dos Estados Unidos e permanece até hoje com simbologias que demonizam a cultura negra.

“A igreja invisível, a igreja de Cristo é santa, mas a igreja institucional precisa pedir perdão para o povo negro, por seu racismo e sua omissão”, afirmou o palestrante.

Para Hernani, a realização do seminário é uma das oportunidades de levar a temática racial para as igrejas. “A igreja precisa discutir a questão do racismo, promover esse tipo de evento, vem preencher essa lacuna.”

Além dos palestrantes, o seminário contou também com uma grande participação do público, através de perguntas e exemplificações. Dentre as pessoas que participaram ativamente do evento, estava a diretora de escola pública, Marineusa Medeiros, que dentre suas considerações afirmou que o evento é importante para agregar conhecimento, não apenas para pessoas evangélicas, pois o evento não tratou apenas de religião, mas falou de propostas inovadoras

“Faltam eventos como esse, onde população negra pode aprender e se capacitar”, declara Marineusa.



Por: Daniela Gomes